O universo do tratamento para obesidade e sobrepeso no Brasil acaba de ficar muito mais movimentado. Se você já ouviu falar de Ozempic e Wegovy, prepare-se para conhecer dois novos nomes que estão dando o que falar: Olire e Mounjaro.
Um deles chega com a promessa de ser uma “caneta emagrecedora” mais barata e acessível. O outro desembarca com estudos que mostram uma potência superior na perda de peso.
Mas qual a diferença entre eles? Qual é a melhor opção? Entenda tudo sobre essa nova era de medicamentos e por que a automedicação é o maior risco que você pode correr.
Olire (Liraglutida): A Opção que Democratiza o Acesso
A grande novidade nas farmácias é o Olire. Produzido pela farmacêutica brasileira EMS, ele não traz uma molécula nova, mas sim uma vantagem muito significativa: o preço.
O princípio ativo do Olire é a Liraglutida, a mesma substância do já conhecido medicamento Saxenda. A grande mudança é que, com o fim da patente, versões como o Olire podem ser produzidas a um custo menor, tornando o tratamento mais acessível para milhares de brasileiros.
- Como funciona? A Liraglutida é um análogo do hormônio GLP-1. De forma simplificada, ela “imita” um hormônio que produzimos naturalmente e que sinaliza ao cérebro que estamos saciados. Isso ajuda a controlar o apetite e a reduzir a ingestão de calorias.
- Qual a grande vantagem? O preço. O Olire chega a ser até 35% mais barato que o medicamento de referência, quebrando uma importante barreira financeira no tratamento da obesidade.
- Como se usa? A aplicação da Liraglutida é diária.
O Olire já possui a aprovação da Anvisa para o tratamento de obesidade e sobrepeso associado a comorbidades, representando um passo importante para a ampliação do acesso ao tratamento no país.
Mounjaro (Tirzepatida): A Nova Geração de Potência
Do outro lado do ringue está o Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly. Aprovado recentemente pela Anvisa também para o tratamento da obesidade, este medicamento representa a próxima geração de fármacos para perda de peso.
Seu princípio ativo é a Tirzepatida, e seu grande diferencial está no mecanismo de ação duplo.
- Como funciona? Enquanto a Liraglutida (Olire) e a Semaglutida (Ozempic) atuam em um único receptor hormonal (o GLP-1), a Tirzepatida age em dois: o GLP-1 e o GIP. Essa ação dupla demonstrou, em estudos clínicos, um potencial de perda de peso ainda maior em comparação com os medicamentos de ação única.
- Qual a grande vantagem? Maior eficácia na perda de peso, segundo a ciência. Além disso, sua aplicação é mais cômoda: apenas uma vez por semana.
- E a desvantagem? O preço. Por ser uma tecnologia mais nova e potente, o custo do Mounjaro é significativamente mais elevado, posicionando-o como uma opção premium no mercado.
A Escolha é Sempre Médica
A chegada do Olire e do Mounjaro ao Brasil é uma excelente notícia. Ela amplia o leque de ferramentas disponíveis para tratar a obesidade, uma doença crônica e complexa. De um lado, temos a democratização do acesso com uma opção mais barata; do outro, a vanguarda da ciência com um medicamento mais potente.
Contudo, é fundamental deixar um alerta claro: estes medicamentos não são produtos estéticos, e a automedicação é extremamente perigosa.
Ambos possuem efeitos colaterais (os mais comuns são náuseas, vômitos e diarreia) e precisam de prescrição e acompanhamento rigoroso. Somente um médico pode avaliar seu histórico de saúde, suas necessidades individuais e definir se algum desses medicamentos é adequado para você, qual a dose correta e como manejar os possíveis efeitos adversos.
A melhor escolha não é a mais barata ou a mais potente, mas sim aquela que é segura e eficaz para o seu caso específico, dentro de um plano de tratamento que inclui reeducação alimentar e atividade física.
Procure sempre orientação médica.
Conclusão: E o Excesso de Pele?
Com tratamentos cada vez mais eficazes e a perspectiva de uma perda de peso expressiva, surge uma dúvida comum e muito importante: e a pele que sobra? O excesso de flacidez após um grande emagrecimento não é apenas uma questão de aparência; pode causar assaduras, infecções fúngicas (dermatites), problemas posturais e um grande abalo na saúde mental.
É fundamental que você saiba: a cirurgia para remoção desse excesso de pele, seja nos braços, coxas, mamas ou abdômen, não é considerada um procedimento puramente estético, mas sim uma cirurgia reparadora.
O entendimento consolidado na Justiça brasileira é que este procedimento representa a etapa final do tratamento contra a obesidade. A doença não termina apenas com a perda de peso, mas com a restauração da funcionalidade e da qualidade de vida do paciente.
Portanto, a negativa de cobertura pelo plano de saúde para a realização de cirurgias reparadoras pós-emagrecimento significativo é, na grande maioria dos casos, considerada uma prática abusiva. O tratamento só é concluído quando as sequelas do processo de emagrecimento são devidamente tratadas.
Caso você ou alguém que conheça passe por uma situação de negativa do plano, é altamente recomendável buscar a orientação de um advogado especializado em Direito da Saúde para garantir o cumprimento dos seus direitos.